Conheça as Flores que São Tóxicas, o que Elas Podem Causar e como Mitigar seus Efeitos nas Abelhas Indígenas

Foto de um lírio-do-vale representando as flores tóxicas

Muitas vezes, as abelhas indígenas enfrentam ameaças, as quais podem estar mais próximas do que imaginamos, e que podem comprometer sua saúde e sobrevivência. Um desses perigos é a presença de flores tóxicas, que podem ter efeitos nocivos sobre as abelhas.

Neste artigo, vamos explorar as flores que são tóxicas para as abelhas indígenas e o que elas podem causar para elas. O objetivo é conscientizar meliponicultores, jardineiros e entusiastas da natureza sobre a importância de identificar essas plantas, entender os riscos que elas representam e providenciar medidas protecionistas quanto às abelhas. Vamos embarcar nessa jornada de descobertas!

Por que Algumas Flores São Tóxicas para as Abelhas?

Certas plantas produzem compostos químicos como defesa natural contra herbívoros ou para evitar polinização excessiva. Esses compostos, como alcaloides, glicosídeos e grayanotoxinas, podem ser tóxicos para as abelhas, mesmo em pequenas quantidades, causando efeitos neurológicos, digestivos ou até a morte da colônia.

Principais Flores Tóxicas Para as Abelhas Indígenas

A seguir, apresentamos algumas das principais espécies que representam riscos para esses polinizadores.

Lírio-do-vale (Convallaria majalis): contém glicosídeos cardíacos, que podem causar arritmias e outras disfunções cardíacas, resultando em desorientação e até morte das abelhas.

Acônito (Aconitum sso.): contém alcalóides altamente tóxicos, como a aconitina, que afetam diretamente o sistema nervoso das abelhas podendo provocar paralisia e morte em um curto período.

Digital (Digitalis purpurea) ou dedaleira: todas as partes da planta são tóxicas para as abelhas. Os glicosídeos cardíacos presentes na digital podem interferir na função cardíaca e na comunicação neural, resultando em efeitos adversos na saúde das abelhas.

Cicuta (Cicuta spp.): Esta planta aquática contém toxinas que afetam o sistema nervoso e podem ser letais.

Erva-de-rato (Ricinus communis): O óleo extraído de suas sementes contém ricina, uma substância altamente tóxica.

Tupi (Crotalaria spp.): Algumas espécies dessa planta podem causar problemas respiratórios e neurológicos nas abelhas.

Araribá (Centrolobium tomentosum benth): leguminosa papilionácea com flores amarelas, apresentando uma semente por vagem e protegidas por fortes espinhos. Em certas circunstâncias, podem levar as abelhas à morte.

Balsa (Ochroma lagopus Sw): essa planta é extremamente tóxica às abelhas e pode levá-las à morte.

Canora-canê ou Cangará-canê (Tanaecium nocturnum): trata-se de um cipó com grande toxidade às abelhas, levando-as à morte.

Espatódea ou Tulipeira do Gabão (Spathodea campanulata): seus botões de flores têm um líquido que intoxica as abelhas, levando-as à morte.

Mulungu (Tília spp): secretam néctar tóxico às abelhas.

Uvaia grande (Hexachlamys edulis): a uvaia grande pode ser tóxica a algumas abelhas.

Barbatimão (Stryphnodendron adstringens): pode levar as abelhas à morte por sua toxicidade letal.

Efeitos nas Abelhas Indígenas

  • Desorientação e comportamento errático

  • Vômito de néctar tóxico (pela boca)

  • Paralisia ou fraqueza

  • Aumento da mortalidade no ninho

  • Morte da rainha em casos extremos

Como Mitigar os Efeitos e Proteger as Colônias

  • Evite o plantio de espécies tóxicas próximas ao meliponário

  • Invista em diversidade floral com plantas nativas e seguras

  • Ofereça alimentação suplementar em épocas de escassez

  • Observe o comportamento das abelhas ao introduzir novas espécies vegetais na área.
  • Se houver flores tóxicas na área, mantenha-as a uma distância considerável das colmeias

  • Realize inspeções regulares no seu jardim ou meliponário para identificar e remover plantas tóxicas.

  • Se necessário, crie barreiras físicas, como cercas ou redes, para limitar o acesso das abelhas a áreas onde flores tóxicas estão presentes.

Medidas Emergenciais e Tratamento

Quando sinais de intoxicação são detectados, algumas intervenções podem minimizar os danos:

Isolamento da colônia afetada: Previne a dispersão de abelhas contaminadas para outras colônias

Fornecimento de alimentação suplementar limpa: Xarope de açúcar e pólen seguros podem diluir toxinas e fornecer energia para desintoxicação

Retirada de méis potencialmente contaminados: Evita que as abelhas continuem consumindo recursos tóxicos armazenados

Adição de probióticos específicos: Estudos recentes sugerem que certas bactérias podem auxiliar na detoxificação de compostos tóxicos no sistema digestivo das abelhas

Embora a recuperação completa nem sempre seja possível em casos severos, estas medidas podem aumentar significativamente as chances de sobrevivência da colônia.

Considerações Finais 

Proteger as abelhas sem ferrão envolve conhecimento e prevenção. Ao identificar e evitar o cultivo de flores tóxicas, você contribui para a saúde da colônia e a segurança do mel produzido. O equilíbrio entre natureza e manejo consciente é o segredo para uma meliponicultura sustentável.

O conhecimento sobre plantas tóxicas não deve gerar apenas preocupação, mas motivar ações concretas. Ao implementarmos práticas baseadas em evidências científicas, podemos criar ambientes mais seguros para estes polinizadores fundamentais.

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